quinta-feira, 17 de abril de 2008

Estudo confirma que a Agricultura Biológica é melhor que a convencional


Os alimentos biológicos são melhores do que os alimentos não biológicos, segundo as principais conclusões de um estudo co-financiado pela União Europeia. O projecto conduzido pela Universidade de Newcastle, encontrou uma tendência geral segundo a qual os alimentos biológicos contêm mais antioxidantes e menos ácidos gordos do que produtos idênticos cultivados por processos convencionais.

Este estudo envolveu 33 instituições científicas, independentes, sendo até ao momento o maior estudo sobre alimentos provenientes da Agricultura Biológica (AB). As conclusões revelam que estes alimentos são mais nutritivos, do que os restantes, e podem contribuir para o aumento da esperança média de vida.

O projecto de quatro anos, com um orçamento de 12 mil libras, poderá terminar com os longos anos de debate sobre este tema e provavelmente derrubará a actual posição do governo inglês e da Agência Inglesa para os Padrões Alimentares (Food Standards Agency - FSA) segundo a qual os alimentos biológicos não são mais do que uma escolha de estilo de vida para os quais não existem evidências de vantagens nutritivas.

Os investigadores cultivaram frutos, vegetais e criaram gado com técnicas de AB e não biológica numa quinta próxima da Universidade de Newcastle, bem como em outros locais da Europa. Os resultados indicam que foram “encontrados níveis entre 50% e 80% mais elevados de antioxidantes no leite do gado proveniente de pastagens biológicas face aos alimentados em pastagens não biológicas. O trigo, os tomates, as batatas, o repolho, as cebolas e a alface mostraram níveis de nutrientes 20% a 40% superiores aos níveis de nutrientes presentes em alimentos não biológicos”. Os cientistas acreditam que este factor pode reduzir o risco de cancro e doenças do coração, duas das principais causas de morte entre os britânicos. Estes alimentos biológicos também tiveram níveis mais altos de minerais benéficos à saúde, como ferro e zinco.
O professor Carlo Leifert, coordenador do projecto, disse que as diferenças foram tão marcantes que a produção de alimentos biológicos ajudaria a aumentar a dose nutritiva dos indivíduos que não comem as cinco porções diárias de fruta e legumes. Segundo Leifert, o governo inglês enganou-se ao afirmar não haver nenhuma diferença entre produtos biológicos e não biológicos, “já existem bastantes evidências que indicam o elevado nível de vantagens dos alimentos biológicos”.

Mas o estudo, ainda a publicar, também mostrou variações significativas. Para Carlo Leifert o estudo mostra que "há mais compostos desejáveis nutritivamente e menos dos indesejáveis nos alimentos biológicos. A nossa pesquisa está agora a tentar descobrir de onde vem essa diferença entre os alimentos biológicos e os não biológicos. O que realmente nos interessa é descobrir o porquê de tanta variabilidade no que diz respeito às diferenças, o que leva a que o sistema agrícola permita um nível mais alto de conteúdos nutritivos desejáveis e menor para conteúdos indesejáveis”. Para este investigador “o que se espera é que estas conclusões do estudo ajudem os agricultores biológicos a melhorar a qualidade dos seus produtos”. Os resultados finais do projecto serão publicados durante os próximos 12 meses.

A FSA, actualmente afirma "os consumidores também podem decidir comprar alimentos biológicos porque acreditam que são mais seguro e mais nutritivos do que os outros alimentos, contudo, as evidência científicas actuais não apoiam esta visão". Mas a organização está a avaliar se os alimentos biológicos possuem maior conteúdo nutritivo e não-nutritivo, devendo ser publicado no próximo ano um relatório sobre este tema.

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